Perdão não é impunidade!
Emanuel Pinheiro encaminhou para a Câmara de Cuiabá um projeto instituindo o "Dia do Perdão" exatamente no dia em que ele voltou ao cargo da primeira vez que foi afastado. Não colou. Talvez haja um equivoco - na cabeça do prefeito novamente afastado - entre perdão e impunidade. Mas, se o seu problema é emocional, eu não te odeio, Emanuel. Pedi sua cassação 5 vezes, critico sua gestão catastrófica, e não acredito que aquele dinheiro na paletó era pesquisa. Mas não te odeio.
Creio que, assim como eu, nenhum dos vereadores que compõem a oposição comigo te odeiem, nem os policiais civis e federais, delegados e promotores que deflagraram dezenas de operações contra a corrupção na Prefeitura te odeiem. Acredito que o Desembargador Luiz Ferreira da Silva, que te afastou pela segunda vez esta semana, e a Ministra do STJ Maria Thereza de Assis Moura, que votou pela retomada do afastamento anterior, também não te odeiam. Acalma esse coração.
Todos nós estamos apenas fazendo o nosso trabalho, e porque você não fez o seu. Seu trabalho era cuidar da cidade, não destruí-la. Você foi eleito pra chefiar o Executivo, não uma organização criminosa. Deixou pessoas “morrerem como baratas” para fazer da Saúde seu “canhão político”, por isso o Desembargador Orlando Perri decretou a Intervenção; sangrou os cofres do município até endividá-lo em R$ 1,2 bilhão, por isso o TCE recomentou rejeitar suas contas. Não é por ódio.
Descumprir decisões dos Tribunais de Justiça e de Contas, zerar a nota no Tesouro Nacional, não responder requerimentos da Câmara, não te odiamos por isso. Odiamos as consequências disso.
Dá ódio ver Cuiabá suja, mal cuidada, esburacada; contribuintes pagando taxa de iluminação pra ficar no escuro na porta de casa, sofrendo à espera do médico cuja escala só existe no papel, ou com o filho chorando de dor no colo pela falta do remédio que jogou toneladas vencidas no lixo.
São pelas consequências que você deveria pedir perdão aos cuiabanos, mas se questione antes se o arrependimento é sincero, quem se arrepende muda. Você propôs o Dia do Perdão e continuou fazendo até ser afastado novamente. Chacota, com o Legislativo e com o povo.
Finalmente, sinto vir um vento com cheiro de nova estação, e cada vereador que lhe apoiava já sabe que precisa cassar seu mandato para afastar a dúvida se o seu chefe é o que chefia a organização criminosa.