RESSOCIALIZAÇÃO
16/07/2022 - 14:09
Destaque nas páginas policiais ao se entregar em 2010 durante a ocupação do Complexo do Alemão, Diego Raymond, que no tráfico era conhecido como Mister M, estreará como ator na Globo. Egresso do sistema prisional há 11 anos, ele gravou “O jogo que mudou a História” e integra o elenco da terceira temporada de “A Divisão” com um papel de destaque. Ambas as séries são do Globoplay.
— É um sonho, uma experiência linda. No começo, eu relutei em aceitar, acho que por vergonha e timidez, mas decidi ir e está sendo ótimo. As pessoas têm me elogiado bastante. Podem vir as próximas que eu estou pronto – afirma.
Diego acreditava estar entre a vida e a morte antes da prisão. Na época, a família o apoiou a se entregar. Ele ficou nove meses preso e saiu em 2011. Atualmente, ele divide com os seguidores, na internet, os passos de sua reconstrução:
— Sair do crime não é algo fácil, mas existe um caminho e eu quero mostrar isso para os outros. Eu costumo postar sobre as minhas vitórias nas redes sociais, mas eu não faço isso para tirar onda . Eu posto justamente para mostrar para aqueles que ainda estão lá (no crime) que há uma luz no fim do túnel. Quero ser uma prova de que bandido bom não é bandido morto. As pessoas precisam de oportunidades.
O convite para fazer as séries do Globoplay foi feito por José Junior, autor e idealizador das produções. O diretor foi peça fundamental na ressocialização de Diego.
— Quando eu me entreguei para a polícia, o José Júnior foi até a delegacia e me perguntou se eu estava disposto a recomeçar a minha vida e, que se eu tivesse, já teria um emprego com carteira assinada ao sair da cadeia. Quando eu fui libertado, fui trabalhar no AfroReggae, onde fiz diversos cursos. Virei cinegrafista e, por isso, já conhecia os bastidores do audiovisual — conta o carioca, que também é atleta de crossfit, modelo e jogador de futebol americano.
Diego diz que quer seguir na carreira de ator e trabalhar com direção, por trás das câmeras. Entre as prioridades também está o futuro dos filhos, duas meninas 13 e 12 anos, e um menino de 4:
— Quero dar uma educação boa para os meus filhos, para que eles nem pensem em chegar perto do crime.