ATAQUE AOS 3 PODERES
22/03/2023 - 10:08
A Polícia Federal solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de um inquérito para investigar a deputada federal Coronel Fernanda (PL-MT) pela suspeita de organizar ônibus para transportar bolsonaristas de Mato Grosso a Brasília para participar do ato do dia 8 de janeiro, que resultou na depredação das sedes dos Três Poderes. O caso foi revelado pelo UOL na última quinta-feira (16).
Outros dois políticos suspeitos de participarem da organização desse transporte também são alvos do pedido de investigação: a candidata a deputada federal Analady Carneiro (PTB-MT), que não foi eleita, e o candidato a deputado estadual Rafael Yonekubo (PTB-MT), suplente. Todos os três negaram envolvimento na organização de ônibus para o 8 de janeiro.
A representação pela abertura de inquérito se baseia no depoimento revelado pelo UOL na semana passada. A aposentada Gizela Cristina Bohrer, 60, residente em Barra do Garças (MT), disse à PF que viajou a Brasília em um ônibus organizado pelos três políticos.
Caso a investigação seja autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, a deputada Coronel Fernanda seria o quarto parlamentar alvo de apurações decorrentes do 8 de janeiro.
O STF já abriu inquéritos para apurar suspeitas de incitação aos atos de violência pelos parlamentares André Fernandes (PL-CE), Clarissa Tércio (PP-PE) e Silvia Waiãpi (PL-AP).
No caso da Coronel Fernanda, seria a primeira investigação para apurar a participação direta de parlamentar na organização dos atos antidemocráticos do 8 de janeiro.
No depoimento, Gizela disse que 'veio para Brasília numa caravana organizada' pela deputada Coronel Fernanda, por Analady Carneiro e por Rafael Yonekubo.
'Os três coordenam grupos de WhatsApp e organizam caravanas para Brasília já há dois anos; que tais caravanas tinham por objetivo o apoio ao então Presidente Bolsonaro, tais como fizeram por ocasião dos desfiles de 7 de setembro e 15 de novembro de 2021 e 2022', contou Gizela à PF. 'Todo mundo que vem nesses ônibus vem de graça e recebe todas as refeições de graça', afirmou.
Caso a apuração seja autorizada, a Polícia Federal deve colher os depoimentos dos políticos e buscar aprofundar as provas sobre a suspeita de atuação deles na organização de ônibus para atos antidemocráticos em Brasília.
Analady e Yonekubo já haviam sido alvos de busca e apreensão determinada por Moraes em dezembro por suspeita de incentivarem atos contra o resultado das eleições. Procurada, a deputada Coronel Fernanda disse que não iria se manifestar. Na semana passada, ela admitiu conhecer Gizela em entrevista ao UOL, mas negou ter organizado caravanas para o 8 de janeiro.
Em nota, a defesa de Analady e Yonekubo afirmou que já apresentou petição ao STF se colocando à dispôs posição para esclarecimentos. 'A verdade é que nenhum destes dois participaram de atos do dia 8.1.2023, estando ambos em Cuiabá-MT cuidando de seus afazeres e tarefas familiares. Inclusive, Rafael se casou no dia 7 de janeiro, com a presença de Analady como convidada', dizem os advogados Akio Maluf Sasaki e Marcos Gatass.
Eles afirmam ainda que 'refutam qualquer informação ou depoimento que os coloque como organizadores, financiadores ou apoiadores de quebra-quebra, pois este é um ato que os mesmos abominam”.
Outro lado
Por meio de nota à imprensa, a Coronel Fernanda afirmou que não participou dos atos de 8 de janeiro em Brasília.
'Pelo contrário, deseja que seja instalada a CPMI para que se apurem os verdadeiros responsáveis pelos crimes cometidos contra os Três Poderes', consta em trecho do comunicado.
A deputado afirmou ter 'consciência tranquila' em relação aos fatos, e disse estar à disposição da Justiça para prestar os esclarecimentos quando forem solicitados.