Terça-feira, 3 de dezembro de 2024
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DEU NO O GLOBO

Deputado de MT tumultua CPI do 8 de janeiro

Apesar de não integrar a comissão, o bolsonarista tem participado das reuniões

A sessão que recebeu o coronel do Exército Jean Lawand Júnior, que apareceu em mensagens incentivando Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, a dar um golpe foi interrompida após um bate-boca entre o deputado federal Duarte (PSB-MA) e Abilio Brunini (PL-MT), que não faz parte da CPI do 8 de janeiro.

Durante os questionamentos de Duarte, Brunini ironizava, com risos, o pronunciamento do colega de Casa. Em dado momento, o deputado da base governista reclamou das interrupções do bolsonarista:

— Mais uma vez estou sendo interrompido aqui. O deputado Abilio nem faz parte da comissão.

Integrante da mesa diretora, Magno Malta intercedeu:

— Gente, por favor, eu tenho que gritar. Isso aqui é escolinha? — disse o senador.

Duarte seguiu questionando Brunini:

— O que tanto te preocupa? O que é o nervosimo? Calma. Ta desesperado.

Apesar de não integrar a comissão, o bolsonarista tem participado das reuniões desde a instalação da CPI. Ao ser repreendido hoje, ele reclamou e disse que Duarte queria "ganhar um minuto (de fala) de graça". Na semana passada, Brunini chegou a ser ameaçado pelo presidente da CPI, deputado Arthur Maia (União-BA), com uma representação no Conselho de Ética da Câmara.

Anteriormente, o deputado da base governista havia ironizado o depoente. Duarte chegou a dizer que coronel Jean Lawand Júnior de "vergonha" e o questionar: "O senhor vai querer que eu te pergunte pelo WhatsApp para que o senhor fale comigo com mais confiança?".

Mais cedo, durante a inquirição da relatora Eliziane Gama (PSD-MA), a senadora adotou tom duro com o depoente:

— O senhor não pode infantilizar essa comissão. O mais besta se elegeu deputado ou senador. As declarações são incompatíveis com o conteúdo das mensagens.

Na ocasião, parlamentares da oposição ao governo tentaram interromper a inquirição e defender o militar.

Os diálogos entre Lawand e Cid foram revelados há duas semanas pela revista Veja, mas ocorreram em dezembro passado, pouco antes do fim do mandato de Bolsonaro.

Na ocasião, coronel Lawand disse frases como "o presidente vai ser preso" e "Cidão, pelo amor de Deus, cara. Ele dê a ordem, que o povo está com ele, cara". Após as mensagens virem à tona, o Exército afirmou que se tratam de "opiniões pessoais" que não representam o pensamento da Força. Por conta da repercussão do caso, Lawand deixou de ser enviado para a representação diplomática do Brasil nos Estados Unidos.
 
 

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