Domingo, 12 de janeiro de 2025
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HERANÇA MILIONÁRIA

​Suspeita de falsificação em assinatura de André Maggi vira alvo de discussão sobre herança em MT

Filha herdeira entrou na Justiça para rediscutir a partilha de bens entre os irmãos

Por Rogério Júnior e Kessillen Lopes, g1 MT

13/07/2023 - 19:26

A suspeita de falsificação em assinaturas nos documentos da partilha da herança de André Maggi, fundador de uma das maiores empresas exportadoras de soja do mundo, virou alvo de investigação na discussão sobre a repartição da herança entre os filhos. André Maggi morreu em 2001, aos 74 anos.

Isso ocorre no momento em que uma das filhas, Carina Maggi Martins, entrou novamente na Justiça para reaver os valores partilhados em 2001.

Em nota, a família Maggi acusada disse ao g1 que irá se manifestar apenas nos autos do processo.

A suspeita surgiu a partir de uma perícia feita nos documentos comparados de 1985 a 2001 nas assinaturas de André, feita a pedido dos advogados de defesa de Carina e obtido com exclusividade pelo g1.

Segundo o advogado dela, Felipe Iglesias, a assinatura feita em 2001 não poderia ser clara e limpa porque André estava em estado avançado de Parkinson. Em anos anteriores, o nome assinado pelo pai aparece com a grafia trêmula, conforme apontado pela perícia.

Iglesias contou que, cerca de 11 ou 21 dias antes da morte de André, houve uma doação societária das duas principais empresas do grupo para a esposa do patriarca, Lúcia Borges Maggi. Mas a assinatura nos documentos levantou uma dúvida.
 
"A gente nota que em uma dessas assinaturas feita anos antes é uma assinatura tremida, típica de alguém com Parkinson avançado, como era o diagnóstico dele. E a assinatura subsequente é limpa e cursiva. Isso, obviamente, levantou uma dúvida. A sensação era de que André teria começado um milagre nesse período, que teria se curado. Naturalmente, não foi o que aconteceu, porque poucos dias depois ele morreu", explicou.

A possível falsificação foi periciada por uma semana por uma perita em São Paulo, que resultou em um parecer com mais de 100 páginas. A conclusão da análise apontou uma "dualidade de punho escritor" nos documentos da partilha comparados com atos societários de anos anteriores, quando André estava com Parkinson.



Ação

Carina Martins alega, na ação movida na Justiça, que foi enganada pelos irmãos sobre o real patrimônio do pai. Com a morte do patriarca, um acordo havia sido feito entre eles sobre a repartição de bens, que agora voltou a ser questionado por Carina.

A distribuição da herança começou a ser discutida na Justiça a partir de 2007. O caso tramitou na 2ª Vara Especializada de Família e Sucessões da Comarca de Rondonópolis, em que o processo teve a sentença sem julgamento do mérito, e transitou em julgado, em novembro de 2015.



Histórico

O sobrenome Maggi tornou-se notável no agronegócio brasileiro com a fundação do Grupo Amaggi, em 1977, em São Miguel do Iguaçu (PR), que nasceu com o nome de Sementes Maggi. Lucia e o marido, André, iniciaram juntos a empresa que se tornaria uma das maiores exportadoras de soja do mundo.

Dois anos depois, a companhia chegou ao Mato Grosso, que se tornou o estado-símbolo do cultivo do grão. Em 2001, após a morte de André, a viúva e mãe de cinco filhos passou a ser a principal acionista da empresa.

O grupo expandiu do simples plantio para o processamento de grãos, comercialização de insumos agrícolas, geração de energia elétrica e operações logísticas.

Em janeiro de 2022, a Amaggi ocupava a 13ª posição na lista as 100 maiores empresas do agronegócio no Brasil, também segundo a Forbes, com uma receita de R$ 23,51 bilhões. Atualmente, Lucia ocupa uma posição consultiva no Conselho de Administração da companhia.

No ano passado, a empresária Lucia Borges Maggi, de 89 anos, liderava a lista das 8 bilionárias brasileiras da revista "Forbes", com uma fortuna estimada em US$ 6,9 bilhões, o que equivale a cerca de R$ 32,3 bilhões.
 
 
 
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