O policial militar da reserva Jacob Vieira da Silva, 60 anos, encontrado morto dentro de uma cisterna, foi assassinado por causa de uma dívida de R$ 750 mil que os criminosos tinham com ele.
As investigações conduzidas pela 33ª Delegacia de Polícia (Santa Maria), apontam que o homem teria sido atraído para uma emboscada antes de ser assassinado. Na ocasião, o PM teria combinado de encontrar um dos suspeitos de cometerem o crime para receber os juros de um empréstimo.
Após receberem denúncia anônima de que havia um mau cheiro vindo de uma uma chácara da Cidade Ocidental, policiais acharam o corpo do homem dentro de uma cisterna, no dia 17 de julho.
A chácara onde a polícia encontrou a vítima pertence ao enteado dele, Bruno Oliveira Ramos (foto em destaque), 38 anos, um dos suspeitos de ter envolvimento no caso. Ele foi preso temporariamente pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), nesta quarta-feira (26/7), após se entregar na delegacia.
Agora, os investigadores procuram pelo sócio do enteado da vítima, Mateus Nascimento (foto em destaque), 26, que também teria participado do assassinato. Ele tem passagens por estelionato, dano, desacato e falsificação de selo público.
Empréstimos
Em coletiva de imprensa, o delegado-adjunto da 33ª DP, Renato Ribeiro Martins, detalhou que Jacob havia emprestado para Mateus R$ 600 mil, que foram repassados em quatro transferências bancárias. Bruno negou em depoimento ter conhecimento desse dinheiro.
“[Mateus] Era um homem de negócios, geralmente vinculado à prefeituras. Ele pegava pessoas de confiança e colocava as coisas nos nomes delas.”, disse o delegado.
Na data em que desapareceu, o policial aposentado havia combinado de encontrar Mateus, perto da casa dele, para receber cerca de R$ 15 mil referentes a juros de outro empréstimo, no valor de R$ 150 mil, que ele tinha feito para a dupla.
Bruno trabalhava com a vítima há cerca de seis anos na Cooperativa de Transportes de Cidade Ocidental (Cooptrocid-GO), na qual o padrasto era um dos donos.
Na data em que sumiu, Jacob faria vistoria em um ônibus, em Planaltina (GO). No entanto, teria recebido uma ligação com aviso de que o serviço ocorreria, na verdade, na Cidade Ocidental (GO).
Imagens de câmeras de segurança do condomínio onde morava o policial militar da reserva, em Santa Maria, registraram os últimos passos dele antes de desaparecer, no dia 10 de julho.
Nas gravações, é possível ver o momento em que o carro que levaria o PM até o local da vistoria, um Ford Ka branco, chega à casa dele. As diligências apontam que o carro é do mesmo modelo e cor que o carro de Mateus. Mas a placa do veículo que aparece no vídeo é clonada, e não tinha adesivos característicos que tinham no carro do suspeito.
Crime premeditado
Investigações apontam que o crime foi premeditado, uma vez que o militar da reserva teria sido atraído para uma armadilha antes de ser morto.
Antes de ser jogado no poço, Jacob foi esganado e, quando desmaiou, foi executado com dois tiros, um de cada lado da cabeça, informou o delegado durante coletiva de imprensa nesta manhã.
Os disparos de arma de fogo foram, provavelmente, feitos à queima-roupa, pois os projéteis transfixaram a cabeça do PM, provocando traumatismo cranioencefálico.
De acordo com as investigações, Jacob já estava morto quando foi jogado na cisterna. Além disso, também não foi encontrado nenhum elemento que ateste que o homicídio tenha sido praticado naquela chácara.
Após o assassinato, Jabob teve o corpo todo enrolado com fita durex e amarrado com cordas e pedaços de concreto. O objetivo era que o corpo não boiasse após ser jogado na cisterna.
Mandados de busca e apreensão
Nessa terça-feira (25/7), uma equipe da 33ª DP cumpriu mandados de busca e apreensão nas residências de Bruno e Mateus. Na casa do enteado, policiais encontraram documentos e uma arma de fogo.
Já na propriedade do sócio dele, que é considerado foragido, eles não localizaram nada, visto que o homem teria se mudado do local.
Segundo o delegado, a arma encontrada na casa de Bruno será periciada no intuito de saber se foi utilizada no crime.
Caso os suspeitos sejam condenados, eles vão responder homicídio qualificado por motivo torpe e forma de execução do crime – emboscada e traição, e podem pegar de 12 a 33 anos de prisão.