Por meio de nota, a MedTrauma informou que está rescindindo o contrato com a prefeitura de Cuiabá. A empresa vai realizar as cirurgias agendadas até esta sexta-feira, às 19 horas, e depois deixará de prestar os servidos contratados.
A empresa foi alvo de reportagem do Fantático no último domingo, acusada de superfaturamento em contratos em Mato Grosso, Roraima e Acre. No início da semana, a prefeitura chegou a anunciar o rompimento do contrato, mas diante da possibilidade de suspensão do atendimento aos pacientes voltou atrás e manteve a realização de cirurgias e atendimentos clínicos, suspendendo apenas o fornecimento de próteses e órteses.
Na nota, a MedTrauma destaca que a auditoria "ética e financeira" anunciada pelo município obriga a empresa a romper o contrato. "A MedTrauma fez de tudo para colocar seu compromisso com os pacientes da capital em primeiro lugar, sacrificando até mesmo sua saúde financeira: a empresa está há mais de 3 meses sem receber da Prefeitura, o que configura a condição para a rescisão contratual. Ainda assim, buscamos manter o atendimento, arcando com pesados prejuízos".
A empresa colocou também que faltam insumos básicos que deveriam ser fornecidos pelo município para a prestação dos serviços. "Se o Poder Público se tornar fonte de insegurança e imprevisibilidade, nosso dever é colaborar para que a normalidade seja o mais rapidamente retomada, em nome do interesse público", prossegue a nota.
"A vida e a medicina são questões que não podem ser tratadas com nada menos do que absoluto rigor, respeito e responsabilidade", conclui a empresa.
Veja a íntegra da nota:
À população de Cuiabá
Recebemos na quarta-feira, com enorme surpresa, a comunicação da prefeitura de Cuiabá de que a MedTrauma não conta com a confiança das autoridades municipais.
Nos últimos dias, tentamos de todas as formas buscar soluções diante do decreto do senhor Prefeito que suspendeu o contrato da MedTrauma e de outra norma, editada pela Empresa Cuiabana de Saúde, que na prática revogava o objeto do contrato firmado com nossa empresa.
Ainda assim, sempre colocamos a saúde em primeiro lugar e o atendimento aos pacientes como nossa missão.
Mas, diante da comunicação de que a MedTrauma está sofrendo uma “auditoria” - que não é apenas financeira e pode incluir também todos os procedimentos médicos e clínicos - entendemos que não podemos estar sendo questionados pelo Poder Público e, ao mesmo tempo, continuar prestando atendimento.
A MedTrauma fez de tudo para colocar seu compromisso com os pacientes da capital em primeiro lugar, sacrificando até mesmo sua saúde financeira: a empresa está há mais de 3 meses sem receber da Prefeitura, o que configura a condição para a rescisão contratual. Ainda assim, buscamos manter o atendimento, arcando com pesados prejuízos.
Até mesmo a falta de material para realizar cirurgias, que antes estavam zeradas, passou a acontecer nos últimos dias.
Todavia, o fato novo de quarta-feira levanta uma questão ética: como profissionais de saúde que lidam com vidas humanas podem continuar a cumprir o seu ofício se, publicamente, não contam com a confiança de seu contratante?
Dessa forma, entendemos que o mais ético a fazer é aguardar o resultado final da auditoria e suas conclusões. Se o Poder Público se tornar fonte de insegurança e imprevisibilidade, nosso dever é colaborar para que a normalidade seja o mais rapidamente retomada, em nome do interesse público.
Assim, estamos anunciando a antecipação do fim de nosso vínculo profissional com a prefeitura de Cuiabá.
Estaremos atendendo até as 19 horas de amanhã, em respeito aos pacientes e cirurgias já agendadas.
Lamentamos profundamente que a situação criada, totalmente à nossa revelia, tenha chegado a esse ponto.
A vida e a medicina são questões que não podem ser tratadas com nada menos do que absoluto rigor, respeito e responsabilidade.
É em nome desses princípios que tomamos a decisão de permitir à Prefeitura que possa atender à população com outros profissionais, que sejam de sua absoluta confiança, para o bem da população e de todos os pacientes.
MedTrauma