Quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025
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Mãe relata transfobia em escola da filha, criança trans de 9 anos

Thamyris Nunes, mãe da menina Agatha, de 9 anos, criadora do perfil "Minha Criança Trans" no Instagram e autora do livro homônimo, contou que a filha vem sendo alvo de transfobia por pais de colegas de escola.

"Tomei conhecimento de um grupo de pais na escola da minha filha que está disseminando meu perfil em um tom de constrangimento, pelo fato de seus filhos frequentarem os mesmos espaços que uma criança trans. O grande questionamento deles é sobre o banheiro que a minha filha", conta ela à Vogue.

"Algumas famílias tiraram seus filhos da escola justificando que a escola estava trabalhando com ideologia de gênero por ter uma criança trans matriculada lá. Essas famílias não são da série e nem da turma da minha filha, o que mais me chocou", lamenta. "Eles divulgam o meu perfil e a informação de que na escola há uma criança trans no fundamental 1, na perspectiva de criar uma 'indignação coletiva' que pressione a direção a rever a situação".

Thamyris conta que teme que a filha seja constrangida por outros alunos ou mesmo seus pais. "Fiquei muito preocupada, pois não sei quem são essas famílias, não sei o quanto estão incomodadas, muito menos o que estão passando para seus filhos, que podem em algum momento abordar a minha filha. Muita angústia e sensação de impotência", desabafa.

A informação chegou a ela por outros pais que não concordam com a mobilização transfóbica. "Tudo foi me passado por famílias da escola que ficaram sabendo. A escola e a diretoria não me chamaram nem se manifestaram a respeito, até porque isso está ocorrendo nos bastidores, nos grupos de pais que as escola não tem inferência nem atuação", diz.

"Mas em outro momento, ano passado, já havia conversado com a escola e fiz uma formação com eles para lidar com situações assim. Então acredito que eles estejam atentos, mas não irão se posicionar até que aconteça algo de concreto dentro da escola, infelizmente".

Apoio de outras mães

Na última semana, Thamirys contou o caso nas redes siciais e agradeceu o apoio que recebeu. "Me senti mal, impotente e despedaçada com o preconceito contra uma criança tão tranquila e amável como minha filha. Quando desabafei sobre o caso aqui no stories, recebi uma enxurrada de amor, apoio e carinho, mas também vários depoimentos de mães atípicas que também passam por essa angústia - não apenas mães de crianças e adolescentes trans, mas também mães que são atravessadas por preconceitos parecidos, como o capacitismo e o racismo", disse.

Agatha, filha de Thamiris, iniciou sua transição de gênero aosn quatro anos. Desde então, Thamirys busca ajudar outras mães que passam pelo mesmo processo. Hoje ela é seguida por mais de 110 mil pessos no Instagram.

"Gostaria de aproveitar meu espaço para estender essa onda de energia positiva, luz e amor para todas as mães que, assim como eu, precisam passar por essas situações e ainda assim serem a fortaleza de seus filhos, filhas e filhes. Vocês não estão sozinhas! Ninguém solta a mãe de ninguém".
 
 
 
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