O fazendeiro Aníbal Manoel Laurindo se apresentou nesta segunda-feira (11) à Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP). Aníbal é apontado como mandante da morte do
advogado Roberto Zampieri, ocorrida em dezembro de 2023 no bairro Bosque da Saúde, em Cuiabá.
A Polícia Civil também havia pedido a prisão da esposa de Aníbal, Elenice Ballarotti Laurindo, e do irmão dele, José Vanderlei Laurindo. Porém, apenas o pedido contra Elenice foi deferido e ela é considerada foragida da Justiça.
As investigações indicam que o casal teria encomendado a morte do advogado devido a uma disputa de terras, que os suspeitos teriam perdido para a vítima, na justiça. O pedido de prisão contra os fazendeiros "vazou" em fevereiro, mas somente agora teria sido deferido pela Justiça.
DISPUTA POR FAZENDA
J1 teve acesso com exclusividade a documentos que 'ligam' e mostram a possível desavença entre Zampieri a família Laurindo. E eles tratam da disputa de uma área rural em Paranatinga, onde a vítima conseguiu a reintengração da posse da denominada
Fazenda Lagoa Azul, de 4.596 hectares. A disputa durou alguns meses e foi finalizada em maio de 2023.
A fazenda pertence a José Wanderlei. Mas, o oficial de Justiça que cumpriu a reintegração informou que a área ao lado, denominada Fazenda Matão, de propriedade de Aníbal, também pertenceria ao cliente de Zampieri.
Aníbal moveu embargos de terceiros contra o cliente de Zampieri. Eles alegam que a área da Fazenda Matão não teria relação com a reintegração de posse. Aníbal e a esposa informam ainda que arrendaram a área onde estavam sendo produzidos soja e milho. A reintegração de posse aumentaria ainda mais seus prejuízos.
Em sua manifestação, Zampieri cita tentativa "vil e ardilosa" de Aníbal em manter uma área que já foi determinada a reintegração. Ele mostra que todas custas processuais, inclusive de recursos, da disputa entre seu cliente e José Wanderley foram pagas por meio de contas de Elenice.
O advogado morto ainda listou seis ocasiões em que Abíbal Laurindo teria promovido falsificação de documentos para garantir a posse da terra da Fazenda Matão.
"Assim, evidente o “modus operandi”, tanto do Executado, como de seu irmão, que se diz terceiro prejudicado, não merecendo qualquer acolhimento, não passando de mera irresignação, visando obstruir o cumprimento de sentença", assinala.
Na decisão, o juiz Fabricio Sávio da Veiga Carlota, da comarca de Paranatinga, não viu ilegalidades que pudessem fazer reverter a decisão inicial, onde os novos suspeitos de mandar matar Zampieri retomassem a posse da área.
O magistrado ainda manda atualizar o valor da causa para R$ 5,9 milhões, como requereu Zampieri, aumentando, com novo cálculo, cerca de R$ 100 mil a mais de custas processuais para a família Laurindo.
OUTROS ENVOLVIDOS
O executor do crime, o pistoleiro
Antônio Gomes da Silva, confessou ter cometido o homicídio após receber R$ 20 mil. Também foram presos por suposta participação na morte do advogado o instrutor de tiros, Hedilerson Barbosa, e o coronel aposentado Etevaldo Luiz Caçadini, que são apontados como intermediador e financiador da execução.
O Ministério Público Estadual denunciou os três pelo crime, no último dia 6. A empresária
Maria Angélica Caixeta Gontijo chegou a ser presa apontada como mandante do assassinato. Todavia, por falta de provas acabou solta e sequer foi indiciada.
O caso segue sendo investigado.