Prints de conversa de WhatsApp entre
advogados e membros do Comando Vermelho na região de Tapurah mostram que o papel dos juristas
não se limitava a fazer a defesa dos réus. Eles também agiam em prol da organização e tinham conhecimento prévio dos crimes perpetrados pela organização criminosa.
No último dia 12, a Delegacia de Tapurah deflagrou a Operação Gravatas, que cumpriu mandados de prisão preventiva contra os advogados Roberto Luís de Oliveira, Jessica Daiane Marostica, Hingritty Borges Mingotti e Tallis de Lara Evangelista. O policial militar Leonardo Qualio também foi preso.
Na conversa entre a advogada Jessica Daiane Marostica fica explícito que ela monitorava eventuais inimigos da organização.
"Oi doutora, tudo bom? Desculpe te incomodas. Doutora, precisava que você puxasse quatro nomes para mim aí de uns rapaz que são lá da Bahia, só pra mim saber se tem alguma passagem, tem algum processo, alguma coisa assim, você não consegue caçar pra mim não", escreveu o membro do CV.
A advogada respondeu afirmando que faria tal pesquisa. Na sequência, ela responde que poderia pesquisar também sobre os "possíveis inimigos" da facção em outros estados da região Nordeste.
Os prints ainda mostram que alguns dos alvos do CV estariam "sequestrados e amarrados no meio do mato". Ela responde: "credo" e, na sequência uma figrinha com sinal da cruz.
"Trata-se de um verdadeiro deboche e falta de empatia com três vidas que estão em jogo", diz a Polícia Civil, que completa:
"É um tribunal do crime em andamento, ocasião em que a advogada atua como 'consultora jurídica' da Orcrim", finaliza a Polícia Civil.