Domingo, 20 de abril de 2025
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OPERAÇÃO GRAVATAS

Presa com R$ 144 mil em casa, advogada gerenciava o tráfico e coletava lucros do Comando Vermelho

Hingritty Borges Mingot e outros três advogados foram detidos por integrarem organização criminosa

Foto: Reprodução

Presa com R$ 144 mil em casa, advogada gerenciava o tráfico e coletava lucros do Comando Vermelho
A Polícia Civil revelou, em inquérito obtido pelo J1 com exclusividade, que a advogada Hingritty Borges Mingot tinha atuação junto a integrantes do Comando Vermelho na região de Tapurah que ia além do embaraço às investigações e ser pombo-correio da facção. Ela também estava diretamente ligada ao tráfico de drogas comandado pela facção.

No dia da operação, deflagrada em 12 de março, a jurista foi presa com R$ 144.052,00 em "dinheiro vivo". Ela ainda teve dois aparelhos celulares, um notebook, além de 18 folhas de caderno anotadas.

"A partir da revisão das anotações e correspondências confiscadas, foi possível confirmar os dados previamente obtidos, que justificaram a sua prisão preventiva e a busca em sua residência, indicando que a investigada estava abusando de suas prerrogativas como advogada para cometer crimes, ultrapassando os limites da relação cliente e advogado", diz trecho do inquérito.

Para a Polícia Civil, a advogada tinha papel de destaque na organização criminosa. "As evidências materiais obtidas durante a busca residencial deixaram claro que a advogada Hingritty Borges Mingotti está ativamente envolvida e faz parte da organização criminosa conhecida como "Comando Vermelho", desempenhando um papel de gerência na facção, ou seja, recebendo e transmitindo ordens das lideranças que, estando encarceradas, não podem fazê-lo pessoalmente", complementa.

TRÁFICO E LAVAGEM

Sobre o dinheiro apreendido, a Polícia Civil destacou ter evidências de que se tratava "da coleta dos lucros" por parte da facção criminosa. Além de coletar o dinheiro, cabia à Hingritty Borges Mingot a função de "lavar" o dinheiro, dando ares de legalidade à situação.

"É importante ressaltar que o dinheiro, totalizando R$ 144.052,00 em moeda corrente, foi encontrado em sacolas plásticas, papel e envelopes, indicando que, ao menos, três pessoas entregaram o dinheiro pessoalmente à advogada, uma vez que as notas são predominantemente de R$ 20, seguidas por notas de R$ 50 e R$ 100, típicas de transações de drogas", aponta o inquérito.

Outra evidência de que ela coletava dinheiro do tráfico estão nas anotações recolhidas. Por exemplo, o valor apreendido se aproxima daquilo que a organização pretendia "gastar ou investir". "A proximidade entre o valor encontrado em sua residência e os registros nas anotações reforça a suspeita de que o dinheiro apreendido seja proveniente do tráfico de drogas. Por exemplo, a soma dos valores mencionados nas anotações é de R$ 177.100,00, com uma diferença de R$ 33.048,00, sugerindo que pagamentos ou depósitos podem ter ocorrido durante o período em questão, já que há menção de pagamentos que deveriam ser feitos, como para drogas e gerentes do tráfico, como "Dr. Henrique", com valores de R$ 5.000, R$ 10.000, R$ 15.000 e R$ 5.000", detalha o inquérito.

"Aliás, em que pese não terem apreendido drogas na residência, existem fortes indícios de que a citada advogada praticou os crimes tráfico de drogas e associação para o tráfico de drogas. Nesse sentido, de acordo veiculado pelo informativo 501 do Superior Tribunal de Justiça, "a ausência de apreensão da droga não torna a conduta atípica se existirem outros elementos de prova aptos a comprovarem o crime de tráfico", finaliza a PJC.

GRAVATAS

No último dia 12, a Delegacia de Tapurah deflagrou a Operação Gravatas, que cumpriu mandados de prisão preventiva contra os advogados Roberto Luís de Oliveira, Jessica Daiane Marostica, Hingritty Borges Mingotti e Tallis de Lara Evangelista. O policial militar Leonardo Qualio também foi preso.

Eles são acusados de integrarem a organização criminosa por praticarem atos que vão além da defesa dos clientes. Por exemplo, tinham acesso a informações sigilosas de operações policiais e repassavam aos líderes da facção, embaraçavam as investigações, atuavam como pombos-correios, "puxavam a ficha" de possíveis rivais da organizações para serem punidos pelo "tribunal do crime", entre outras.
 
 
 
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