Hingritty Borges Mingotti, advogada presa na Operação Gravatas em 12 de março, atuava em várias frentes dentro do Comando Vermelho, inclusive passando informações privilegiadas sobre mandados, para evitar que armas e drogas fossem apreendidas. Em uma das conversas gravadas entre os faccionados, um dos homens se refere à ela como "piranha".
Em uma dessas interceptações, um membro do CV é informado por Hingritty que um subordinado dele será alvo de um mandado de busca e apreensão.
"Como esperado, frustrou-se a eficácia da medida, vez que o traficante já esperava a vinda da Polícia à sua residência", diz trecho do inquérito.
Nesse caso em questão, as armas, munições e até dinamites que estava na casa foram realocados antes da chegada da Polícia. Foi a advogada que conversou com o responsável pela transferência do material para que os itens fossem devolvidos ao local de origem.
"Sendo assim, além de atuar como advogada, conclui-se que a dra. Hingritty Borges Mingotti desempenha um papel fundamental como integrante da organização criminosa. Conforme exposto, ela embaraçou investigações policiais, serviu como intermediadora de mensagens entre criminosos de alta periculosidade, auxiliou com informações sigilosas de processos que nem tinham seus clientes como parte, dentre outras condutas expostas que confirmam a presença dela como integrante da Orcrim", consta ainda no documento.
Operação Gravatas
Deflagrada em 12 de março, a ação policial teve como alvos quatro advogados e um policial militar. Eles realizavam a comunicação entre os líderes do Comando Vermelho e os integrantes da facção que estavam presos. Apenas um dos advogados atuou em 168 processos em que os réus eram ligados à facção.
De acordo com as investigações, os advogados agiam de forma ilegal para atrapalhar investigações, além de repassar informações policiais em tempo real para o Comando Vermelho, assim como auxiliaram na execução de crimes como tortura.