O governador Mauro Mendes (União) afirmou que a prática de membros do Comando Vermelho entrarem na política não é algo novo não só em Mato Grosso, mas também no Brasil. A declaração foi dada nesta quarta-feira (3), um dia após a Operação Apito Final que
mostrou o envolvimento de pré-candidatos a vereador em Cuiabá na facção que movimentou R$ 65 milhões em dois anos.
"Nós já sabíamos e estávamos trabalhando nos bastidores com isso. Não só em Mato Grosso, mas no Brasil inteiro eles estão entrando dentro da política e se elegendo em cargos importantes para tentar influenciar o Poder Público de dentro", enfatizou Mendes.
Para o gestor, é preciso uma ação incisiva para acabar com esse tipo de iniciativa, que traz perigos à sociedade.
"Isso é perigoso, vai demandar dos órgãos responsáveis, como o Ministério Público e a Polícia Civil, uma atenção muito maior e, acima de tudo, ações muito mais contundentes para evitar que isso aconteça".
Ele ainda acrescentou que é necessário atenção da sociedade para que criminosos não ocupem os espaços públicos.
"Lugar de bandido não é na política, fazendo aquilo que deveria ser feito pelo cidadão de bem, e sim na cadeia. Nós temos que ficar atentos”.
Segundo Mauro, os partidos também enfrentam dificuldades para fazer esse filtro e conseguir barrar a filiação de pessoas associadas ao crime organizado.
"Só uma investigação pode dar aos partidos, seja ele qual for, elementos para recusar uma filiação e até para impedir uma eventual candidatura".
Operação Apito Final
Deflagrada em 2 de abril, a ação policial teve como alvos 25 pessoas do "núcleo duro" do Comando Vermelho. Segundo as investigações, o tesoureiro do Comando Vermelho, Paulo Witer Farias Paelo, o "WT", usava dois times de futebol amador para "lavar" o dinheiro do tráfico de drogas.
Ele chegou a comprar imóveis e veículos de luxo para legalizar o dinheiro. Na Capital “WT” era respeitado não só por ser dono dos times e investir no futebol amador, mas também for realizar ações de assistência social, como a distribuição de cestas básicas em bairros carentes. Além de Paulo, a Polícia apontou a participação de dois pré-candidatos a vereador em Cuiabá na facção: o irmão dele, Fagner Paelo, e o advogado Jonas Cândido.