As ações do Comando Vermelho para "lavagem" de dinheiro por meio de boates e casas noturnas passava também por articulações dentro das penitenciárias onde estão alguns dos chefes da facção. As investigações que derem origem à
Operação Ragnatela, deflagrada na última semana, mostraram que policiais penais, entre eles o ex-diretor do Centro de Ressocialização de Cuiabá (CRC), recebiam R$ 20 mil por preso para facilitar a transferências para unidades com menor rigor.
Consta no inquérito da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco/MT) que o policial penal Luiz Otávio Natalino e o então diretor do CRC, Winkler de Freitas Teles, faziam a negociação da transferência dos líderes do Comando Vermelho. O preço pago por cada um dos transferidos era de R$ 20 mil.
O objetivo das transferências era facilitar a comunicação dos que estão detidos com os que organizavam o esquema nas ruas e utilizavam as empresas para legalizar o dinheiro conquistado com a venda de drogas no estado.
Deflagrada em 5 de junho, a Operação Ragnatela teve como alvos integrantes do Comando Vermelho que usavam casas de shows para "lavar" dinheiro. Em uma das transações falsificadas estava a compra de uma boate sertaneja, pelo qual o atual dono - que na verdade só era proprietário de fachada - pagou R$ 800 mil divididos em três parcelas.
A quadrilha também contava com a participação de servidores da Secretaria de Ordem Pública de Cuiabá, que fazia as fiscalizações dos estabelecimentos e também a fiscalização. Um dos integrantes era responsável pela escala dos fiscais e direcionava as ações para que apenas os membros da organização criminosa visitassem determinadas boates.
Na ação policial foram cumpridos 8 mandados de prisão e 36 de busca e apreensão, além de 9 sequestros de imóveis e 13 de veículos, além de duas ordens de afastamento de cargos públicos, quatore suspensões de atividades e o bloqueio de contas bancárias dos envolvidos.