Em um grupo criado no WhatsApp, Joanilson de Lima Oliveira, o "Japão", controlava as atividades dos membros do Comando Vermelho e os valores devidos e pagos por cada um. As conversas foram reveladas pela investigação que deu origem à Operação Ragnatela, deflagrada na última semana pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco/MT). "Japão" era um dos líderes do esquema de "lavagem" de dinheiro por meio de casas de shows em Cuiabá.
As mensagens foram registradas entre julho e agosto de 2021 e mostram sua atuação de liderença na organização crimonosa. Em um grupo que só tinha ele como participante, Joanilson enviava os dados dos faccionados como nome completo, apelido na facção, padrinho - quem o indicou para entrar no CV -, pessoa de referência, local de atuação e ainda as passagens criminais.
Entre os membros que aparecem nos registros estão "Verde", "2N", "Madruga", "Gordão Malote", Puruca", Bufão", "Bomba" e "Casamel". Era pelo WhatsApp que ele também cobrava os subordinados sobre os valores a serem pagos, não só na prestação de contas da venda de drogas como pelas camisas - mensalidades pagas pelos faccionados.
Joanilson também era responsável pelo cadastro dos novos membros, assim como administrava e resolvia prolemas nas boates do Comando Vermelho em Cuiabá. Em uma das conversas "Japão" atende um dos faccionados que pede que ele resolva o problema de furtos no Dallas Bar, já que é proibido cometer crimes no territócio do CV.
Deflagrada em 5 de junho, a Operação Ragnatela teve como alvos integrantes do Comando Vermelho que usavam casas de shows para "lavar" dinheiro. A quadrilha também contava com a participação de servidores da Secretaria de Ordem Pública de Cuiabá, que fazia as fiscalizações dos estabelecimentos e também a fiscalização. Na ação foram cumpridos 8 mandados de prisão e 36 de busca e apreensão, além de 9 sequestros de imóveis e 13 de veículos, além de duas ordens de afastamento de cargos públicos, quatore suspensões de atividades e o bloqueio de contas bancárias dos envolvidos.