POLÊMICA DO ARROZ
Fávaro diz que leilões para compra de arroz não são mais necessários
Segundo ministro, governo verificou "arrefecimento" nos preços do cereal
Globo Rural
03/07/2024 - 10:55
Foto: Reprodução
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou nesta quarta-feira (3/7), em entrevista à GloboNews, que não haverá mais leilão para a compra de arroz importado. Segundo ele, o governo verificou arrefecimento nos preços do cereal aos consumidores brasileiros e decidiu, por ora, adotar medidas de estímulo à produção e garantia de abastecimento interno.
Fávaro não descartou completamente a possibilidade de leilão. Disse que o governo tem orçamento liberado e um novo edital para realizar o pregão caso haja especulação.
"É mais plausível nesse momento a gente monitorar o mercado. Não havendo especulação, não se faz necessário novos leilões, portanto, mas que haja estímulo para a produção de arroz", disse Fávaro à GloboNews.
"Nós temos um edital novo pronto. Temos reunião com a federação dos arrozeiros e a indústria ainda hoje, vamos buscar alguns compromissos com eles de estabilidade de preços, de logística. Por ora, estamos preparados, tem orçamento, mas é mais prudente, como os preços já cederam, que tomemos outras atitudes de estímulo à produção, e não se faz necessário novos leilões de importação", completou.
A reportagem apurou que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) vai monitorar o mercado para identificar possíveis problemas de abastecimento e de preço. Do lado do setor produtivo, haverá um compromisso para garantir o aumento da disponibilidade de arroz para baixar os preços nas gôndolas dos supermercados.
De acordo com o ministro, o Plano Safra 24/25, que será anunciado à tarde, terá um linha específica para o lançamento de contratos de opção para estimular a produção de até 1 milhão de toneladas de arroz no país com diversificação do local de cultivo.
"Vamos estimular algo em torno de 1 milhão de toneladas a serem produzidas no Rio Grande do Sul e em outros estados brasileiros para ter mais tranquilidade de oferta desse produto tão essencial para população brasileira", concluiu.
A Globo Rural já tinha mostrado que o governo considerava abrir mão dos leilões após os problemas verificados no certame realizado no início de junho, a reação do setor produtivo e, inclusive, a normalização dos preços internos aos consumidores. A reportagem apurou que o entendimento para suspensão de novos pregões vai, no mínimo, até agosto.
A oposição comemorou a suspensão dos leilões. O deputado federal Luciano Zucco (PL-RS), autor do pedido de CPI do Arroz para investigar irregularidades no pregão, disse que essa é uma vitória dos produtores rurais e de toda a sociedade.
"Não é porque o governo desistiu do leilão que vamos desmobilizar. Precisamos de uma investigação independente para apurar essa cadeia de responsabilidades. Alguém levaria vantagem com isso", destacou Zucco, em nota.
Nesta quinta-feira (4/7), está programada uma mobilização de produtores rurais gaúchos no Parque da Fenarroz, no município de Cachoeira do Sul. Intitulado de movimento SOS AGRO RS, a mobilização é um protesto ao que o setor local chama de "demora do governo federal" em apresentar medidas concretas de apoio aos pequenos, médios e grandes produtores afetados pela catástrofe climática que atingiu o Estado.