O ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro conseguiu junto ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região a anulação da ação oriunda da Operação Arca de Noé, de 2002. Além disso, o "comendador" ainda terá direito a ter de volta os bens em que havia sido determinado o perdimento e estão avaliados em cerca de R$ 1 bilhão.
O argumento da defesa que foi acolhido pela Justiça foi que na época dos crimes Arcanjo morava no Uruguai, onde sua extradição havia sido negada, porém, mesmo assim, o Judiciário brasileiro decidiu processá-lo por crime contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro. Pelos crimes ele havia sido condenado a 11 anos e 4 meses de prisão, além do perdimento dos bens.
O processo tramita há mais de 20 anos. A condenação foi anulada por 7 votos a 1.
"Sendo assim, não existe processo nulo nem julgamento nulo, sim e tão somente parcialmente ineficaz. Ou seja, no caso, para que essa credibilidade seja restaurada, em respeito à Justiça uruguaia com a devida consequência à sua decisão no processo de extradição, impõe-se a ineficácia parcial (apenas no que tange à pena privativa de liberdade) da sentença do Estado brasileiro no processo de que trata esta ação revisional", afirmou o desembargador Wilson Alves de Souza em seu voto como relator.
Em relação aos bens que Arcanjo terá de volta, a lista tem uma casa na Flórida, nos Estados Unidos, que na época da compra valia US$ 212 mil. Tem ainda cotas sociais do Rondon Plaza Shopping e do Crowne Plaza Hotel, nos Estados Unidos, 72 imóveis, uma aeronave de R$ 7,3 milhões, títulos de crédito de até R$ 35 milhões, entre outros.
Operação Arca de Noé
Deflagrada pela Polícia Federal em 2002, a Operação Arca de Noé investigou crimes relacionados a jogos ilegais, como caça-níqueis que eram a base para o cometimento de crimes como lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, evasão de divisas e agiotagem. Arcanjo foi preso em 2003, no Uruguai, sendo extraditado para o Brasil em 2006. Ele ficou preso por quase 15 anos e ganhou liberdade em 2013, cumprindo atualmente prisão em regime semiaberto.