A Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Cuiabá (DHPP) indiciou um fazendeiro de Rondonópolis por mandar matar o
advogado Roberto Zampieri, em dezembro do ano passado, em Cuiabá. O inquérito policial foi encaminhado ao Poder Judiciário e ao Ministério Público Estadual (MPE), nesta terça-feira (09.07).
Aníbal Manoel Laurindo, de 73 anos, foi indiciado por homicídio duplamente qualificado, crime praticado mediante emboscada, com recurso que impossibilitou a defesa da vítima e mediante recompensa.
Os indícios e materiais probatórios reunidos na investigação da DHPP Cuiabá comprovaram a ligação entre o mandante e o intermediário, o coronel da reserva do Exército, Etevaldo Luiz Caçadini, além do vínculo do intermediário com os executores.
Os indícios reunidos no inquérito não identificaram elementos suficientes para o indiciamento da esposa do mandante.
De acordo com o delegado responsável pela investigação, Nilson André Farias, a motivação do crime envolveu uma disputa agrária na região de Paranatinga, onde o mandante tem uma propriedade rural. A área, objeto da disputa que o casal estava perdendo para o advogado Roberto Zampieri, que representava a parte adversária, está avaliada R$ 100 milhões.
A investigação apontou ainda que a família dos investigados estava em posse da fazenda há aproximadamente 20 anos, mas havia uma discussão em relação ao título de propriedade da área. Quando o casal percebeu que poderia perder a terra e, acreditando em uma proximidade da vítima com quem competia decidir a causa agrária, decidiu contratar uma pessoa para executar o advogado.
Crime e prisões
Roberto Zampieri tinha 56 anos e foi assassinado na noite do dia 5 de dezembro, na frente de seu escritório localizado no bairro Bosque da Saúde, em Cuiabá. A vítima estava dentro de uma picape Fiat Toro quando foi atingida pelo executor, que fez diversos disparos de arma de fogo.
Durante a investigação, a Polícia Civil identificou todos os envolvidos no crime, além do mandante – o executor, o intermediário e o financiador do crime. Os responsáveis por executar o crime foram presos pela Polícia Civil, no início deste ano, no estado de Minas Gerais e depois transferidos a Cuiabá.
Em março deste ano, a equipe da DHPP cumpriu a prisão temporária do mandante, deferida pelo Núcleo de Inquéritos Policiais de Cuiabá. Contudo, ele foi liberado posteriormente pela Justiça mediante o cumprimento de medidas cautelares, entre elas o monitoramento por tornozeleira eletrônica.
No mês de abril, o mandante foi alvo de mandado de busca para apreensão de celulares, porém, a equipe policial apurou que ele e a esposa já havia trocado os aparelhos, que são distintos daqueles usados por eles na época do homicídio do advogado.