O ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Neri Geller voltou a falar sobre sua demissão da pasta, em meio às polêmicas sobre o leilão de arroz. Desta vez ele criticou diretamente o ministro Carlos Fávaro, que foi quem determinou sua demissão em junho. "No Ministério da Agricultura, enquanto estiver sob o comando do ministro Fávaro, eu não volto".
A afirmação foi feita em entrevista ao programa Jornal da Manhã Cuiabá, da rádio Jovem Pan, nesta quarta-feira (10).
Neri foi exonerado - contra a sua vontade - após suspeita de que ele estaria beneficiando uma das corretoras participantes do leilão de 263 mil toneladas de arroz promovido pela Companhia Nacional de Abastecimento. Após as polêmicas, o leilão acabou cancelado.
"Saí de cabeça erguida, mas acho que houve injustiça. Saí do Governo com moral e com serviço prestado pelo país. Dando explicações sobre o que tinha de ser dado. Houve trapalhada do Governo e não foi do Neri", enfatizou.
Sobre a possibilidade de ser chamado novamente para trabalhar no Mapa, Neri descarta a chance. "Não volto em nenhuma hipótese, com todo respeito. Quero que o Fávaro, que eu conheço há 30 anos, faça um bom trabalho. Mas comigo ele não conta mais".
Sobre o leilão, Geller disse na entrevista que não ocorreram irregularidades, no entanto, havia aconselhado Fávaro a comprar uma quantidade menor do cereal, de cerca de 100 mil toneladas.
"Não tem nada de ilegal. Se tivesse problema, eu mesmo pediria para me afastar. Mas esse leilão não tem vínculo com a Secretaria de Política Agrícola. Ele [ministro] cometeu erros e deveria ter feito as coisas conforme a equipe técnica".
O ex-deputado federal também negou os rumores de que o verdadeiro motivo do desentendimento com o ministro foi que ele tinha interesse em assumir o comando do Mapa. "Ele sabe muito bem que eu não queria ocupar o espaço dele. Ajudei outros três ministros e nunca atropelei ninguém. Respeito as hierarquias".