Os desembargadores João Ferreira Filho e Sebastião Moraes Filho, afastados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) na última quinta-feira (1º) são acusados de receberem não só dinheiro, mas também presentes de luxo para beneficiar o advogado Roberto Zampieri em suas decisões. Zampieri foi assassinado em dezembro de 2023, justamente por uma disputa judicial em que saiu vencedor.
Segundo o corregedor nacional de Justiça, Luís Felipe Salomão, "as investigações acenam para um cenário de graves faltas funcionais e indícios de recebimento de vantagens indevidas".
E que existia uma "incomum proximidade entre os magistrados e o falecido Roberto Zampieri", na qual havia "a existência de um esquema organizado de venda de sentenças judiciais, seja em processos formalmente patrocinados por Zampieri, seja em processos em que o referido causídico não atuou com instrumento constituído, mas apenas como uma espécie de lobista no Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso".
Sobre o caso, a Associação Mato-grossense dos Magistrados (Amam) divulgou uma nota na qual afirmou que está prestando assistência jurídica aos magistrados afetados pela decisão do CNJ. E que "reafirma ainda seu compromisso com a defesa dos valores fundamentais da justiça e da ética, pilares essenciais para a manutenção da ordem e do estado de direito".
Outra entidade que se posicionou sobre caso foi a Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Mato Grosso (OAB-MT). Isso porque o afastamento dos desembargadores ocorreu após a análise das mensagens encontradas no celular de Zampieri. "A OAB-MT informa ainda que protocolizou junto ao CNJ um pedido de acesso ao inteiro teor dos autos para acompanhar as investigações".