Quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025
informe o texto

POLÊMICA DO ARROZ

​Exclusivo: Fávaro definiu preço e prazo do leilão do arroz, afirma ex-diretor da Conab

Com o valor estipulado por Fávaro, poucas empresas se interessaram em participar do leilão, afirmou Thiago

Foto: Reprodução

​Exclusivo: Fávaro definiu preço e prazo do leilão do arroz, afirma ex-diretor da Conab
O polêmico leilão do arroz da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) teve participação ativa do ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, que definiu inclusive o preço e o prazo para entrega do cereal. É o que afirma o ex-diretor de Operações e Abastecimento da Conab, Thiago dos Santos, que caiu junto com ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Neri Geller, em junho desse ano.

Ligado politicamente à Neri, Thiago afirmou com exclusividade ao J1 que sua demissão foi uma consequência do desligamento do ex-secretário. "Ele [Fávaro] queria matar o assunto do leilão, acabar com o desgaste. Eu sou aliado do Neri, como mandou Neri embora e não iria mandar o diretor?".

O leilão em questão era para comprar 300 mil toneladas de arroz por causa da enchente no Rio Grande do Sul, maior produtor do cereal no país. Inicialmente a compra seria de 100 mil toneladas, para garantir o abastecimento em todas as regiões, porém, contrariando a recomendação do Parecer Técnico da Conab, o Governo Federal decidiu aumentar o montante a ser comprado.


"O Governo fez uma medida provisória para autorizar a compra de 104 mil toneladas. O Fávaro ligou para nós e falou que ia cancelar. Nisso, veio a determinação da Casa Civil junto com o ministro Fávaro de fazer 300 mil toneladas. Era prazo de 30 dias, mudou tudo e nós só cumprimos", explicou.

O ex-diretor da Conab disse ainda que com o valor estipulado por Fávaro, de, no máximo, R$ 5 por quilo, poucas empresas se interessaram por participar do leilão. E, além disso, que o aumento no prazo de entrega de 30 para 90 dias fez com que vendedores do mercado asiático se interessassem pelo certame.

"Não tivemos como trabalhar tecnicamente o preço. Se não fosse o valor de R$ 5 ia ter mais participantes no leilão. A interferência do ministro [Fávaro] foi decisiva para isso acontecer. A gente fez nota técnica falando isso, sugerimos o preço, falando da preocupação que se deixasse a R$ 5 possivelmente viriam só produtos asiáticos, que não são os do hábito de consumo no nosso país, enfim. A gente fez uma nota técnica falando desse risco", garantiu Santos.

Para ele o cancelamento do leilão não teve motivação técnica. "Não tem motivo para cancelar o leilão. O que fez cancelar foi o medo. Tinha que ter finalizado. O problema foi político, tenho certeza".

E ainda que a saída de Neri do Mapa foi uma questão política, já que ele não teve participação ativa no leilão. "Colocaram as coisas nas costas do Neri. Ele caiu porque agiram com injustiça, acho que foi bode expiatório. Ele nunca perguntou de nenhum leilão quem ganhou o lote A ou lote B. Quem ganhasse o leilão, eu ia mandar os fiscais da Conab, que são os mais rígidos do país, para o país de origem para conferir o produto, por segurança. Na hora que chegasse na Conab os técnicos de qualidade iriam atestar para a empresa poder receber só depois. O processo é 100% rigoroso e seguro”.
 
 
 
Sitevip Internet