A produção brasileira de grãos deve atingir 298,60 milhões de toneladas na safra 2023/24, uma redução de 6,6% (21,2 milhões de t) em comparação com o volume obtido na temporada passada 2022/23 (319,81 milhões de t). Em relação à previsão do mês passado (299,27 milhões de t), houve uma leve queda de 0,2% (142,6 mil t), mostra o 11º e penúltimo Levantamento da Safra de Grãos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado nesta terça-feira (13).
Conforme a Conab, a queda ante a temporada 2022/23 “é influenciada principalmente pela perda na produtividade média das lavouras do país, reflexo das adversidades climáticas sobre o desenvolvimento das culturas de primeira safra, em especial, desde o início do plantio até as fases de reprodução das lavouras”.
A colheita do milho segunda safra está na reta final, com produção estimada em 90,28 milhões de t, baixa de 11,8% ante o ano passado (102,37 milhões de t. De acordo com o Progresso de Safra, publicado nesta semana pela Companhia, os trabalhos de colheita superam 90% da área cultivada no País.
As produtividades alcançadas neste ciclo do grão variaram de acordo com o pacote técnico utilizado e, principalmente, da época de plantio da cultura. Semeaduras realizadas dentro da janela ideal, ou seja entre janeiro até meados de fevereiro, obtiveram produtividades dentro do esperado e até superiores às registradas na última safra devido, principalmente, à regularidade das chuvas durante o desenvolvimento da cultura. As exceções a esta situação ocorreram no Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul, onde veranicos ocorridos em março e abril, aliados a altas temperaturas e ataques de pragas, comprometeram o potencial produtivo do cereal.
Aliada à perda de produtividade, a área destinada para o milho também foi reduzida, na segunda e na primeira safra do grão, o que influencia na menor expectativa de colheita. A primeira safra do cereal está projetada em 22,96 milhões de t, queda de 16,1% ante 2022/23 (27,37 milhões de t). Assim, produção total esperada para o ciclo 2023/24 é de cerca de 115,65 milhões t de milho, cerca de 12,3% inferior à temporada passada (131,89 milhões de t).
Outra importante cultura de segunda safra é o algodão. Mas, para a fibra, a Conab prevê aumento na área e no desempenho médio das lavouras, influenciado pelas condições climáticas que favoreceram o desenvolvimento da cultura. Com isso, a previsão é de um novo recorde para a produção da fibra, sendo estimada uma colheita de 3,64 milhões de toneladas de algodão em pluma, aumento de 14,8% ante a safra anterior (3,17 milhões de t).
Já para o feijão é esperada uma produção total (são três safras por temporada) de 3,26 milhões de toneladas, 7,3% superior à produção de 2022/23. A segunda safra da leguminosa, com a produção estimada em 1,5 milhão de toneladas, teve seu potencial de produtividade reduzido por causa da incidência de doenças e da mosca-branca, além da falta de chuvas e temperaturas elevadas em importantes Estados produtores. A terceira safra do grão está estimada em 812,5 mil toneladas, com as lavouras, de modo geral, nos estágios de desenvolvimento à maturação, e em Goiás, em fase inicial de colheita.
O arroz já está com a colheita finalizada, disse a Conab. A produção neste ciclo teve um crescimento de 5,6%, comparada ao volume produzido na safra anterior, alcançando 10,59 milhões de t ante 10,03 milhões de t em 2022/23. “O aumento verificado é influenciado pela maior área cultivada no país, já que a produtividade média das lavouras foi prejudicada, reflexo das adversidades climáticas, com instabilidade durante o ciclo produtivo da cultura, em especial no Rio Grande do Sul, maior Estado produtor do grão”, explicou a estatal.
Já a soja, principal grão cultivado no País, a produção na atual safra é de 147,38 milhões de toneladas, redução de 4,7% sobre o ciclo anterior. Nas áreas semeadas entre setembro e outubro, nas Regiões Centro-Oeste, Sudeste e na região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) houve alterações no potencial produtivo das lavouras, com os baixos índices pluviométricos e as altas temperaturas, situações que causaram replantios e perdas de produtividade, diferente das áreas com lavouras mais tardias.
Dentre as culturas de inverno, destaque para o trigo. A semeadura nos Estados da região Sul, maior produtora do cereal no País, que concentra 85% da área cultivada, está quase concluída, restando áreas em Santa Catarina para serem plantadas. No Rio Grande do Sul, após o atraso inicial da semeadura em razão do excesso de chuvas, teve o plantio concluído, assim como as áreas semeadas no Paraná. A expectativa é de uma redução de 11,6% na área destinada ao cereal, estimada em 3,07 milhões de hectares”, disse a Conab. A produção deve atingir 8,84 milhões de t, aumento de 9,1% em comparação com o ano passado (8,10 milhões de t).