Lojistas do Shopping Popular, em Cuiabá, estão revoltados depois de terem recebido um comunicado da Associação dos Camelôs que administra o empreendimento, onde foram cobrados do pagamento do aluguel do mês de julho, mês em que ocorreu o incêndio que destruiu totalmente a estrutura. Segundo documento divulgado aos comerciantes, o dinheiro é necessário para pagar a parcela da montagem da estrutura provisória.
Em 15 de julho deste ano o Shopping Popular, que tinha quase 10 anos com a estrutura mais moderna, foi alvo de um incêndio acidental após um curto-circuito na parte elétrica. No local trabalhavam 600 lojistas, que pagavam a mensalidade da associação para a administração e pagamento das contas. Apesar dos altos valores arrecadados, quando ocorreu o incêndio o caixa estava zerado.
De acordo com o comunicado, entregue na última segunda-feira (21), além do pagamento da montagem da estrutura, o dinheiro será utilizado para quitar os salários dos funcionários (limpeza, manutenção e segurança), que estão há quatro meses sem receber, justamente por causa da falta de dinheiro em caixa.
Cada lojista pagava cerca de R$ 1,5 mil por mês de mensalidade, o que gerava uma arrecadação de mais de R$ 900 mil por mês. Ainda assim, sem dinheiro para as ações emergenciais, a associação pede que a parcela de julho seja paga o quanto antes, até que seja decidido o valor na nova taxa.
"(...) para que possamos seguir adiante, a associação precisa honrar esses compromissos. A estrutura provisória representa a esperança de retomar nossas atividades e reconstruir o que perdemos", diz trecho do comunicado.
Entre os lojistas a revolta é grande com a cobrança, isso porque a maioria deles perdeu todo o estoque no incêndio, com prejuízos que chegam a R$ 500 mil. Sem nem mesmo ter como voltar a trabalhar, os comerciantes alegam que é inviável o pagamento neste momento de dificuldade.
"Falaram que iam reconstruir a estrutura, mas, em nenhum momento nos avisaram que teríamos que pagar. Não fomos notificados da compra do material, não foram apresentados orçamentos. Tudo está muito obscuro. Lá é uma associação, tudo deveria passar por aprovação em assembleia geral, mas não foi isso o que aconteceu", reclama um dos comerciantes que pediu para não ser identificado por medo de retaliações.
Esse lojista contou à reportagem que, mesmo antes do incêndio, já havia tentado ter acesso ao balanço contábil da associação, mas recebeu apenas uma lista simples com o total dos gastos, sem que fosse feita nenhuma especificação de quais e quantos serviços eram prestados para justificar o gasto dos R$ 900 mil todos os meses.
Na época do incêndio vários políticos se comprometeram à ajudar os comerciantes, com promessas de envio de emendas parlamentares além de acesso a empréstimos com juros mais baixos. Três meses depois os lojistas ainda não receberam nenhum apoio e os poucos que tinham estoques fora do Shopping Popular trabalham de forma improvisada em tendas na lateral de onde funcionava a antiga estrutura.