A morte do advogado Roberto Zampieri completa nesta quinta-feira (5) um ano, mas ainda não há previsão de julgamento dos quatro envolvidos no crime. Entre os desdobramentos do homicídio estão duas operações, com o afastamento de um juiz e dois desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT).
Zampieri foi morto com cerca de 10 tiros quando saía de seu escritório, no bairro Bosque da Saúde, em Cuiabá. O atirador o seguia há um mês esperando a melhor oportunidade para executar o crime. Inicialmente o homicídio teria como motivação a disputa judicial por uma fazenda localizada no interior de Mato Grosso avaliada em R$ 10 milhões.
No entanto, quando foram acessadas as conversas do celular do advogado, foi revelado um grande esquema de venda de sentenças judiciais, com possível participação de membros do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Com essas novas provas, também é investigada a possibilidade de a morte ter relação com essa organização criminosa.
Pelo crime já foram indiciados Antônio Gomes da Silva, que executou o assassinato; Hedilerson Barbosa, que intermediou a contratação do pistoleiro; o coronel do Exército Luiz Caçadini, que pagou pelo crime; e Aníbal Manoel Laurindo, apontado como mandante.
Eles devem responder pelos crimes de homicídio duplamente qualificado; crime praticado à traição, de emboscada ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima; e mediante pagamento ou promessa de recompensa, além do motivo torpe.
A morte de Zampieri teve novos desdobramentos esse ano após a extração das conversas de seu aparelho celular, a pedido do Judiciário. Por causa do material encontrado, em agosto desse ano foram afastados os desembargadores Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho. Em outubro foi a vez do juiz da 2ª Vara da Comarca de Vila Rica (1.259 km a nordeste de Cuiabá) ser afastado do cargo.
Em 26 de novembro foi a Polícia Federal entrar no caso, deflagrando a Operação Sisamnes, que afastou três assessores de ministros do STJ, prendeu o lobista Andreson Gonçalves, colocou tornozeleiras nos desembargadores, reteve passaportes e ainda bloqueou bens.