​Acusada de fazer 'pedagogia do grito', professora consegue reverter demissão no interior de MT

Uma professora da rede municipal de Novo Horizonte do Norte (682 km a médio-norte de Cuiabá) conseguiu reconquistar seu cargo de volta oito meses após ser demitida. Ela foi acusada de adotar a "pedagogia do grito" e de ter ofendido um aluno que chorava, o chamando de "Nutella".
 
Três casos de desentendimento com estudantes - ocorridos em 2022 e 2023 - foram o motivo da exoneração. No entanto, ela foi desligada sem responder a um processo administrativo disciplinar (PAD), o que é direito de todo profissional concursado. Além de voltar a lecionar, a professora também irá receber os salários que deixou de ganhar no período em que esteve afastada.
 
Segundo as denúncias, a professora teria agido de forma bruta com os estudantes, com gritos e ameaças. Em um dos casos um aluno teve uma "crise neurológica" e, em vez de suporte, foi colocado de castigo enquanto os demais brincavam.
 
A Defensoria Pública, que representou a professora no processo, alegou que havia inconsistência nos relatos, falta de provas, além de não ter sido seguida a legislação, que prevê um processo administrativo antes de qualquer punição. A defesa argumentou ainda sobre a desproporcionalidade da pena, já que a demissão deve ser aplicada apenas em casos muito graves.
 
"Apesar de me pintarem como um monstro, 17 pais de alunos me defenderam, no dia que fui embora, os alunos fizeram cartazes de despedida e choravam. Foi um processo horrível, eu fui acusada e condenada como se tivesse batido em alguém. E isso aconteceu no segundo ano do meu estágio probatório e de lembrar de tudo, não consigo parar de chorar. Mas agora, vou tentar retomar minha vida", afirmou a profissional à Defensoria Pública.