O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) investiga em Mato Grosso mais de 20 políticos por ligações com facções criminosas. São analisadas inclusive denúncias de que parlamentares teriam sido eleitos em 2024 com o apoio e financiamento dos criminosos.
"Nós estamos investigando pessoas que, possivelmente, foram financiadas por facções criminosas. Está sendo apurado e, se conseguirmos prova, nós vamos entrar com mandado e com recurso na Promotoria Eleitoral. São 21 ou 22 pessoas entre Cuiabá e no interior do estado. Alguns deles foram eleitos", revelou o coordenador do Gaeco, Adriano Roberto Alves, em entrevista à rádio Cultura nesta quinta-feira (30).
O assunto entrou em alta depois de discussões na Câmara de Cuiabá sobre o apoio de facções aos vereadores. Isso porque o vereador Paulo Henrique (MDB) foi preso em setembro de 2024, na Operação Ragnatela.
A ação policial investigou uma rede ligada ao Comando Vermelho que "lavava" dinheiro através da realização de eventos e boates em Cuiabá. Apesar da prisão, Paulo Henrique ficou apenas cinco dias presos e saiu com tornozeleira eletrônica.
Na época, o policial federal Rafael Ranalli (PL), que foi eleito vereador em 2024, afirmou que iria denunciar outros parlamentares por ligação com o crime organizado. Porém, após assumir o cargo ele voltou atrás e disse que não tinha provas concretas dos crimes.
O próprio Abílio Brunini (PL), que havia acabado de ser eleito prefeito, se manifestou sobre o caso e acusou inclusive facções criminosas de tentarem interferir na eleição da Mesa Diretora da Câmara.
"O Abílio foi convocado [pelo Gaeco] para prestar depoimento. Mas ele informou que já havia prestado depoimento para a Polícia Civil e o GCCO [Gerência de Combate ao Crime Organizado]. Como isso já estava sendo apurado lá, nós deixamos o andamento dos trabalhos por lá e podemos requisitar informações, se for necessário", informou ainda o chefe do Gaeco.