O juiz de Vila Rica (1.259 km a nordeste de Cuiabá), Ivan Amarante, um dos alvos da Operação Sisamnes nesta quinta-feira (2), possui um patrimônio que não condiz com seu salário. A Polícia Federal encontrou joias, relógios de luxo, armas, apartamentos e terrenos, que inclusive não constavam em sua declaração do Imposto de Renda.
As investigações identificaram a movimentação de mais de R$ 1 milhão nas contas do juiz, sem qualquer justificativa legal. O valor pode ser ainda maior porque não foram analisadas as contas da esposa dele, que também tinha empresas de fachada para mascarar a origem do dinheiro.
Entre os itens de alto valor encontrados com o magistrado estão R$ 107,9 mil em joias; peças da grife italiana Bulgari avaliadas em R$ 117,8 mil; armas de fogo que totalizam R$ 96 mil, além de imóveis em Cuiabá e Vila Rica que somam mais de R$ 980 mil.
O magistrado já estava afastado do cargo por uma decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), determinação que foi reafirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a operação desta quinta-feira. Na terça-feira (27), O CNJ abriu um procedimento administrativo disciplinar (PAD) contra Ivan, que pode ter como sanção a sua demissão.
Relator do processo no CNJ, o ministro Campbell Marques destacou os indícios de corrupção, lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito. Falou ainda sobre o uso da esposa e da ex-esposa para a criação de empresas "fantasmas" onde eram movimentados os valores.
A esposa do juiz é formada em biomedicina, mas tem empresas de transporte. Essas empresas não possuíam funcionários e nem movimentações típicas do ramo. No entanto, apenas entre setembro de 2023 e julho de 2024 ela repassou para o esposo mais de R$ 750 mil por meio de 43 operações bancárias. O alto volume de dinheiro era disfarçado com depósitos fracionados em valores menores.
Situação semelhante foi encontrada na empresa da ex-esposa do juiz que abriu um negócio no setor de transportes em 2021, sem fazer nenhuma contratação ou prestar serviços. Ainda assim ela transferiu para o juiz de fevereiro de 2022 a janeiro de 2023 cerca de R$ 208 mil em espécie, valor que não é compatível com sua capacidade financeira.