Preso desde 1996, Marcinho VP vai lançar seu quarto livro escrito de dentro da cadeia. A obra se chama A Cor da Lei e conta a história de um jovem que tenta deixar o passado para trás, enfrentar os preconceitos e construir um novo caminho longe do crime.
O que mais chama atenção no lançamento é a decisão do autor: todo o dinheiro arrecadado com a venda do livro será doado ao Fundo Municipal para a Infância e Adolescência do Rio de Janeiro (FIA-RJ). O valor será usado em projetos sociais que ajudam crianças em situação de vulnerabilidade, especialmente aquelas com deficiência.
Quem comemorou publicamente a atitude foi o filho de Marcinho, o rapper Oruam. Ele é um dos artistas mais ouvidos do momento e falou com orgulho sobre a escolha do pai. Em entrevista ao Metrópoles, o cantor também aproveitou para criticar o racismo que, segundo ele, ainda é muito presente na sociedade e no sistema de justiça.
“A lei tem cor sim, e é preta. O racismo é perseguidor. Sou artista, estou no topo das paradas e vivo sendo perseguido pela polícia. No fim, nunca acham nada de errado comigo. É difícil ver preto com pai presidiário fazendo dinheiro?”, desabafou.
Oruam também falou sobre as dificuldades que ex-presidiários enfrentam para reconstruir a vida. “Meu pai virou autor de vários livros, entrou na Bienal, mas ninguém olha pra ele com bons olhos. Como as pessoas querem que presidiários mudem de vida com tanta rejeição?”, questionou.
Em nota enviada ao Metrópoles pela sua assessoria, Marcinho VP disse que quer ir além das palavras com essa nova publicação: “Quero que este livro não só provoque reflexões sobre o sistema de justiça, mas que também gere impacto real na vida de crianças que mais precisam de cuidado e atenção.”
