Advogado do CV cobrava dívidas de faccionados e emprestava conta
O advogado Roberto Luís de Oliveira, preso em 12 de março na Operação Gravatas, é apontado pelas investigações como líder do núcleo jurídico do Comando Vermelho em Mato Grosso, com atuação que ia além do trabalho previsto em lei. Segundo as investigações, ele cobrava débitos dos faccionados e emprestava a conta bancária para receber os valores e repassar aos membros da organização criminosa.
Consta no inquérito que deu origem à operação que Roberto utilizava não apenas a sua conta, mas também a de outras pessoas para receber valores pelo Comando Vermelho. Em alguns casos o dinheiro transferido chegou a R$ 5 mil em uma única transação.
Somente o relatório sobre Roberto e as atividades ilegais praticadas por ele possui mais de 500 páginas. Sua outra atuação ocorria quando um faccionado era preso. Além de conseguir informações privilegiadas sobre a detenção - o que era feito de forma ilegal - ele também repassava as ordens dos líderes
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"Após uma ação policial que resultou na prisão de dois traficantes do CV, dr. Roberto encaminha os áudios dos envolvidos nos quais eles se explicam para os líderes em que circunstâncias foram presos. Nota-se, portanto, que o advogado serve como um intermediador na comunicação entre os faccionados até então livres e as lideranças", diz trecho do inquérito.
Operação Gravatas
Deflagrada em 12 de março, a ação policial teve como alvos quatro advogados e um policial militar. Eles realizavam a comunicação entre os líderes do Comando Vermelho e os integrantes da facção que estavam presos. Apenas um dos advogados atuou em 168 processos em que os réus eram ligados à facção.
De acordo com as investigações, os advogados agiam de forma ilegal para atrapalhar investigações, além de repassar informações policiais em tempo real para o Comando Vermelho, assim como auxiliaram na execução de crimes como tortura.