'Bandidolatria', diz comandante da PM sobre policial que virou réu por matar ladrão
O comandante da Polícia Militar, coronel Alexandre Mendes, chamou de "bandidolatria" o fato do policial que matou um assaltante dentro de sua casa ter se tornado réu por homicídio doloso. No caso, o Ministério Público do Estado (MPE) pediu também uma indenização à família do criminoso morto por danos morais.
O assalto que terminou em morte foi registrado em novembro de 2023. O tenente-coronel Otoniel Gonçalves Pinto chegou em casa quando foi alvo de dois ladrões. Eles renderam o militar, sua esposa e o sogro. Levaram pertences da família e quando deixavam a casa tiveram o carro atingido por oito tiros disparados por Otoniel, que acabou matando Luanderson Patrick Vitor de Lunas.
Em nota divulgada na terça-feira (9), o comandante da PM afirmou que "é difícil provar ao cidadão de bem que uma vítima de um assalto em sua própria residência, ao defender a sua família, reagindo em legítima defesa, possa se tornar réu numa ação penal por homicídio praticado contra aquele que o assaltou".
"Difícil explicar ainda que alguém disposto a roubar e matar possa levar ao Tribunal do Júri quem legalmente se defendeu na mesma proporção. Vivemos um tempo de inversão de valores, para dizer o mínimo", diz ainda trecho do documento.
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Mendes enfatizou ainda que "não nos alegra a morte do assaltante, entretanto. À essa mãe que perdeu seu filho para o crime estendo a minha devida condolência, sem deixar de lembrar que fatos tristes como esse são frequentes àqueles que se lançam na vida criminosa, ao invés de buscar um trabalho digno".
O próprio Otoniel também se manifestou por meio de nota, afirmando que viveu "40 intermináveis minutos de terror sob a mira de um revólver", onde foi empregada extrema violência contra sua família, onde ouviram várias ameaças de morte.
Ele afirmou ainda que só atirou contra o carro quando viu que o ladrão iria atirar contra ele para fugir. "Ao avistar o ladrão mirando novamente sua pistola em minha direção, reagi e o motorista foi alvejado com um tiro fatal, encerrando ali, a empreitada criminosa do qual eu e minha família fomos vítimas".
"Antes que o ladrão fosse preso, processado e julgado pelo crime que cometeu contra minha família, tenho que, a pedido do Ministério Público Estadual, sentar no banco dos réus porque o promotor, diversamente da autoridade policial, entendeu que eu cometi o crime de homicídio doloso e, por isso, devo, inclusive, pagar uma indenização ao criminoso que roubou minha residência", lamentou o PM.