Após ameaça de exposição de autoridades, Justiça decreta sigilo sobre caso Zampieri
Após a ameaça de que os réus da morte de Roberto Zampieri divulgariam nomes de autoridades de foro privilegiado, a juíza Anna Paula de Freitas, da 12ª Vara Criminal de Cuiabá, determinou sigilo sobre o processo. O advogado foi executado em dezembro de 2023, sob alegação de uma suposta disputa judicial de uma fazenda avaliada em R$ 100 milhões.
A decisão foi dada nesta quinta-feira (24) e foram os próprios réus que pediram o sigilo, tendo em vista o risco que a divulgação desses nomes pode trazer para a vida de cada um. Inicialmente a morte tinha relação com apenas um processo judicial, no entanto, com essa nova possibilidade de nomes com foro privilegiado, o assassinato pode ter ligação com o esquema de venda de sentenças do qual Zampieri era líder.
"De fato, a partir do momento que os Defensores informaram que trarão para os autos conteúdos que podem devassar a intimidade da vítima, de outros investigados e de terceiras pessoas estranhas ao processo, há necessidade de se garantir, doravante, o sigilo externo do processo", diz trecho da decisão.
A polêmica em torno da morte do advogado começou após a análise dos dados do celular dele. A perícia havia sido solicitada para encontrar possíveis elementos sobre a autoria do crime, porém, foram encontradas conversas de Zampieri que tratavam sobre a venda de sentenças judiciais.
O caso passou a ser investigado também pela Polícia Federal (PF), já que há indícios de que o esquema funcionasse em outros estados e teria a participação inclusive de ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que possuem foro privilegiado.
Por causa do foro privilegiado, a investigação passou então para o Supremo Tribunal Federal (STF) que é a única instância que pode julgar os ministros do STJ.
Crime
O advogado Roberto Zampieri foi executado em 5 de dezembro de 2023, em frente ao seu escritório no bairro Bosque da Saúde, em Cuiabá. Três pessoas continuam presas pelo crime: o executor Antônio Gomes da Silva, o suposto intermediário Hedilerson Barbosa e o suposto financiador Etevaldo Caçadini.